Biodiversidade: Preservar e Regenerar | Trabalhos

Escola Profi. de Desenv. Rural de Abrantes (Abrantes)

Escalão: Escalão 3 - Secundário, Profissional e Superior

Ação realizada:
Irradicação de Invasoras - Acácias (Acacia dealbata)

Breve descrição da ação:
Remoção de espécies invasoras na Herdade da Murteira, nomeadamente, de acácias.
Após a sensibilização aos alunos sobre biodiversidade local e sua importância, foi sugerido pelos mesmos, a remoção da espécie acácia-mimosa, uma vez que observaram que a mesma se tornou invasora na área florestal da escola, prejudicando o crescimento de um povoamento jovem de medronheiros.

Intervenientes:
Turma J8 - Curso Profissional de Bombeiro

Data de realização:
De 14/02/2022 a 11/05/2022

Local de realização:
Herdade da Murteira, Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes.

Importância da implementação da ação para a biodiversidade local:
Muitas das plantas que nos rodeiam foram transportadas do seu habitat natural para outros locais pelo que são denominadas plantas exóticas ou não-nativas. Algumas destas espécies coexistem com as espécies nativas de forma equilibrada, mas outras desenvolvem-se muito rapidamente e escapam ao controlo do Homem tornando-se nocivas, sendo designadas por espécies invasoras.
Uma planta exótica passa a ser considerada invasora quando:
• se reproduz de forma autónoma e numerosa;
• se afasta dos locais onde foi inicialmente introduzida, tanto no espaço como no tempo (mais de 100 m, em menos de 50 anos para espécies dispersas por semente; mais de 6 m, cada três anos, para espécies com reprodução vegetativa), independentemente do grau de perturbação do meio e sem a intervenção direta do Homem;
• atinge grandes densidades;
• e consequentemente, promove alterações ambientais e/ou prejuízos socioeconómicos negativas.
As espécies exóticas invasoras são consideradas atualmente uma das principais ameaças à biodiversidade e aos serviços dos ecossistemas.
As espécies invasoras são uma das maiores ameaças ao bem-estar ambiental e económico do planeta. Ainda assim, algumas espécies invasoras foram introduzidas intencionalmente para determinados fins e são utilizadas pelas populações, pelo que podem também ter impactes positivos, sendo por isso a sua gestão por vezes alvo de controvérsia e causa de conflitos.
A grande diversidade de plantas invasoras implica que as suas características sejam diversas. No entanto, há algumas características que são mais frequentes e comuns a várias destas plantas, por exemplo:
• têm crescimento rápido e/ou grande capacidade de propagação;
• competem mais eficientemente pelos recursos disponíveis do que as espécies nativas;
• produzem muitas sementes, as quais podem ser viáveis por longos períodos de tempo e/ou dispersar facilmente;
• são espécies pirófitas, adaptadas e favorecidas pelo fogo, nomeadamente, a germinação de sementes (por exemplo, acácias), o rebentamento de touças e raízes (por exemplo, acácias e robinia), ou a abertura dos frutos (por exemplo, háqueas) podem ser estimuladas pelo fogo, o que é particularmente grave numa área Mediterrânica como aquela em que vivemos;
• no local onde são invasoras, não têm inimigos naturais uma vez que que estão deslocadas do local de origem;
• reproduzem-se vegetativamente sem necessidade de produção de sementes para dispersar;
• no local de origem têm uma distribuição alargada, estando adaptadas a condições diversas, etc.
Estas características não estão necessariamente todas presentes numa espécie invasora. Adicionalmente, outras características podem contribuir para o comportamento invasor das espécies.
A acácia é considerada uma das piores espécies invasoras nos ecossistemas terrestres de Portugal Continental, pois forma povoamentos muito densos impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa, diminuindo o fluxo das linhas de água e agravando alguns problemas de erosão. Além disso, tem efeitos alelopáticos, impedindo o desenvolvimento de outras espécies.
A nível de impactes económicos, esta invasora provoca a diminuição da produtividade das espécies nativas, com elevados custos na aplicação de medidas de controlo. Por outro lado, ao formar povoamentos densos, a acácia promove a continuidade horizontal e vertical de combustíveis, promovendo, assim, a velocidade da propagação de eventuais incêndios florestais.
Por tudo o que foi dito anteriormente, justifica-se a implementação desta ação na nossa escola.

Descrição das várias etapas de desenvolvimento da ação/ metodologia utilizada:
1. Corte com motosserra - corte de plantas com recurso ao uso de motosserras. Esta operação, a curto prazo, resolve o desafogo do povoamento jovem de medronheiros, mas a longo prazo não evita o aparecimento de novos rebentos da acácia, uma vez, que nesta zona a sua propagação é feita essencialmente pelo rebentamento de touças e raízes.
2. Descasque - metodologia utilizada para plantas adultas com casca lisa, sem feridas. Fez-se uma incisão em anel, contínuo, à volta do tronco e removeu-se toda a casca e câmbio vascular até à superfície do solo. Deve-se remover toda a casca (e câmbio – “película rosada”), desde o anel de incisão até à superfície do solo, se possível até à raiz, especialmente para esta espécie que rebenta por touça. É necessário descascar todas as árvores da espécie invasora da área a controlar, já que indivíduos não tratados podem facilitar a sobrevivência de indivíduos vizinhos descascados.
É um método eficaz, se for bem executado e a sua aplicação é pouco perigosa para aplicadores inexperientes, mas é preciso ter muito cuidado com o uso de ferramentas de corte, permitindo uma fácil operacionalização com grupos grandes e variados (ex., ações de voluntariado ambiental) e não exige ferramentas difíceis de operar.
É aplicável em árvores de quase todos os diâmetros e, quando é bem aplicado, não estimula a emissão de rebentos – nem de touça nem radiculares – o que exige menos controlos de seguimento. No entanto, estes controlos de seguimento são necessários para:
• cortar árvores mortas;
• controlar plantas que sobrevivam;
• controlar novas plantas provenientes de germinação;
A médio prazo torna-se menos oneroso e é amigo do ambiente.

Registo fotográfico das principais etapas do projeto:

Descrição dos principais resultados obtidos e impactes da ação:
A espécie invasora encontrava-se num povoamento jovem de medronheiro, cujo crescimento estava a ser prejudicado pela invasão das acácias. Após o corte, notou-se que os medronheiros ficaram mais viçosos, assim como a vegetação espontânea nativa.
A diminuição da carga de combustíveis, nomeadamente a remoção das acácias, contribui para a diminuição da propagação de um eventual incêndio florestal.

Fontes de pesquisa consultadas para planeamento, desenvolvimento e implementação do projeto:
https://greensavers.sapo.pt/acacias-uma-seria-ameaca-a-biodiversidade-das-florestas/
https://www.invasoras.pt/pt/planta-invasora/acacia-dealbata

Articulação do trabalho com os conteúdos curriculares:
UFCD – 4427 – Ecossistemas florestais, nomeadamente, ecossistemas florestais em Portugal.
UFCD – 3127 – Prevenção de incêndios rurais, nomeadamente, gestão de combustíveis.
Área de Integração - Módulo II - Homem Natureza: Uma relação sutentável

Breve mensagem de sensibilização (tipo slogan) do projeto:
Preservar a biodiversidade é proteger a Vida... Cuidar, guardar, preservar o meio ambiente - responsabilidade de todos nós!

Link do vídeo:

Clique aqui para ver o vídeo na página do Vimeo.