Eco-Trilhos Eco-Escolas | Trabalhos 2023-24

Externato Dom Fuas Roupinho (Nazaré)

1 - Identificação do Trilho

Link do percurso georreferenciado criado no Wikiloc ou Google Maps:

Nome do Trilho:
Aula de Campo (EDFR) - Biodiversidade da Nazaré

Tipo de trilho: 1

Extensão do percurso aproximada:
6,21 km

Duração aproximada:
60 min

N.º de postos/estações/paragens:
7

Tema do Trilho:
Biodiversidade, Geodinâmica e Património Geológico

Temas das Estações:
Paragem 1 e 2 - Observação dos Cervos-vermelhos e dos Gamos - Nesta paragem fez-se uma breve descrição e explicação do porquê de algumas tradições nazarenas estarem associadas aos veados contando a Lenda do Dom Fuas Roupinho.
Numa manhã de nevoeiro por volta de 1182, Dom Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, estava a caçar por terras da Nazaré quando viu um veado. No calor do momento, decidiu persegui-lo quase até aos fins do mundo, e por pouco ia sendo levado à sua própria morte - o veado saltou de um penhasco e o cavalo do herói quase que o ia acompanhando, até que Dom Fuas evocou o nome de Nossa Senhora e, no derradeiro momento, o animal estacou miraculosamente, salvando a vida daquele que transportava.
As marcas do milagre foram de tal forma profundas que, segundo alguns, ainda podem ser vistas no local. Como sempre nestas lendas, uma das referências mais interessantes passa por se dizer que o veado era uma transformação do diabo, e daí se compreender a ajuda santa de Nossa Senhora.
Sabemos que Dom Fuas Roupinho foi uma figura real, viveu no tempo de Dom Afonso Henriques, foi alcaide de Porto de Mós e até um eminente comandante naval, sendo muito provável que tivesse passado pela Nazaré. Sabemos igualmente que foi ele quem mandou construir uma capela nessa vila, sobre uma antiga gruta onde já existia uma imagem de Nossa Senhora (e, supostamente, próxima do local do milagre), pelo que poderá ter sido essa uma grande razão da associação entre as duas figuras.
O veado-vermelho-ibérico (Cervus elaphus hispanicus) é o maior mamífero terrestre que ocorre em território nacional, podendo ultrapassar os 200 kg de peso. Durante setembro e outubro, os machos emitem chamamentos que podem ser ouvidos a grandes distâncias, período em que também lutam pela conquista das fêmeas. Este fenómeno é conhecido como brama.
Na Nazaré, existe um local chamado Cercado dos Veados, onde podem ser observados vários espécies de veados-vermelhos. O veado-vermelho é uma espécie de veado de grande porte do hemisfério norte, distribuído pela Europa, Ásia e Norte de África.
O gamo (Dama dama) é um mamífero ruminante da família Cervidae, semelhante ao veado, mas com a cauda comprida e a parte superior das hastes achatadas e palmadas. A sua pelagem varia ao longo do ano, sendo negra no Inverno e castanho-avermelhado com manchas brancas no Verão. Os machos têm hastes que aumentam de complexidade e tamanho com o crescimento. As fêmeas medem até 130 cm de comprimento e pesam entre 35 e 52 kg, enquanto os machos medem até 150 cm e pesam entre 46 e 80 kg.
Ponto 3: Observação da Praia do Norte e a relação entre a geodinâmica local e a prática de surf (ocorrência de ondas gigantes).
A principal razão para as ondas gigantes é a presença do Canhão da Nazaré, um desfiladeiro submarino com profundidade que varia de 50 metros a quase 5 mil metros. Este canhão é um dos maiores canhões submarinos do mundo e está localizado diretamente em frente à Praia do Norte.
As ondulações do oceano Atlântico que chegam à costa propagam-se mais rápido sobre o Canhão da Nazaré, onde a água é mais profunda, do que na plataforma continental adjacente, onde a água é relativamente pouco profunda. Devido à profundidade, as ondulações que viajam sobre o Canhão da Nazaré não perdem velocidade e têm sua direção alterada.
Quando essas ondulações se reencontram novamente mais próximo à costa, elas chocam, provocando uma interação construtiva em triângulo que amplifica consideravelmente o tamanho final das ondas. Além disso, a corrente que vem da praia em sentido oposto acrescenta mais alguns metros às ondas, e a interação do vento também pode ser construtiva com vento de Nordeste (NE). Esses fatores combinados resultam em ondas muito maiores e mais poderosas do que noutras zonas da costa Portuguesa mesmo a poucas centenas de metros da Praia do Norte.
Ponto 4: Observação e registo fotográfico de espécies autóctones das dunas.´
O Cardo-marítimo (Eryngium maritimum) é uma planta que se encontra em dunas e areais marítimos, sendo frequente em dunas. Costuma florescer entre junho e setembro. É uma planta glauca, glabra e espinhosa. As folhas basais possuem pecíolo e são trilobadas; as caulinares são sem pecíolo e palmeadas.
A Morganheira-das-praias (Euphorbia paralias) é uma planta vivaz e rizomatosa que é nativa e frequentemente encontrada nas praias arenosas de Portugal. Faz parte da família Euphorbiaceae, tem uma base lenhosa e vários caules que podem atingir cerca de 70 cm.
O Cordeirinho-da-praia (Otanthus maritimus) é uma espécie botânica caracterizada por pequenos arbustos típicos das dunas existentes na praia. Esta planta tem um aspecto inconfundível, com caules geralmente eretos e ramificados na parte superior. As folhas são alternas, oblongas ou espatuladas. As flores estão em capítulos quase redondos, curtamente pedunculados e agrupados em corimbo denso.
Para evitar a perda excessiva de água, esta espécie tem as suas folhas revestidas por uma densa lanugem esbranquiçada, que por se assemelhar à lã dos cordeiros, está na origem do seu nome vulgar ‘cordeirinho-da-praia’.
O Cistus salviifolius, também conhecido como Estevinha, é um arbusto ou subarbusto mais ou menos lenhoso, que pode atingir até 90 (100) cm de altura. As folhas são simples, verdes escuras, opostas, ovadas ou ovado-oblongas, espessas, reticulado-rugosas. As flores são hermafroditas, actinomórficas, brancas, com 3 a 5 cm de diâmetro, florescendo de Maio a Junho. O fruto é uma cápsula globosa, de 5-7 mm, loculicida, deiscente por 5 valvas, contendo numerosas sementes globosas e reticuladas.
Esta planta é nativa da região do Mediterrâneo e é comum em Portugal. É resistente e adapta-se bem a solos pobres e secos, sendo frequentemente encontrada em áreas de maquis (vegetação típica do Mediterrâneo) e garrigue (tipo de vegetação de baixo arbusto encontrada em áreas calcárias do Mediterrâneo).
Ponto 5: Demonstração sobre a utilização de um drone para fotografia aérea.
Ponto 6: Visita ao Forno D'Orca.
O Forno d’Orca é uma gruta localizada na base do promontório, ao lado da Praia do Norte, na Nazaré. Esta caverna natural está moldada numa estrutura de rocha calcária e oferece muitas evidências da atividade erosiva ao longo do tempo.
A formação do Forno d’Orca é o resultado de processos geológicos ao longo de milhares de anos. A erosão marinha desempenhou um papel crucial na formação desta gruta. Quando o mar está calmo e a maré rasa, a gruta fica localizada bastante longe da água, sendo o acesso muito fácil. No entanto, quando há maré alta e ondas violentas, as ondas batem contra o penhasco e a água entra na gruta, como parte do teto da gruta ruiu devido à abrasão, a violência da onda faz com que a água salte pela abertura do teto, semelhante ao espiráculo de uma baleia, talvez seja a origem para o nome Forno D'Orca.
A Gruta do Forno D'Orca supõe uma história geológica da Nazaré e está intimamente relacionada entre a paisagem e a ocupação humana do território. É um local de grande interesse geológico e histórico.

Fichas de Estações:

Autores:
Turma do 10º ano do curso de Esteticista e Técnico(a) Auxiliar de Farmácia

2 - Memória Descritiva

Memória Descritiva:
O percurso começa no Cercado dos Veados, em Nazaré, onde os alunos podem observar vários espécimes de veados-vermelhos. Esta espécie é o maior mamífero terrestre que ocorre em território português e durante setembro e outubro, os machos emitem chamamentos que podem ser ouvidos a grandes distâncias.
Em seguida, os alunos podem explorar a Praia do Norte, onde podem observar as ondas gigantes que são formadas devido à presença do Canhão da Nazaré. Este desfiladeiro submarino, um dos maiores do mundo, altera a direção e velocidade das ondulações do oceano Atlântico, resultando em ondas muito maiores e mais poderosas.
Ao longo do percurso, os alunos também terão a oportunidade de estudar várias espécies de plantas que são típicas das dunas costeiras. Estas incluem a Eruca Marítima, o Cardo-marítimo, o Cordeirinho-da-praia, o Estorno, a Morganheira-das-praias, a Perpétua-das-areias, o Cistus salviifolius e o Daphne gnidium. Estas plantas desempenham um papel crucial na fixação de areias e formação de dunas.
O percurso termina na Gruta do Forno d’Orca, uma caverna natural localizada na base de um promontório ao lado da Praia do Norte. Esta gruta oferece muitas evidências da atividade erosiva ao longo do tempo e é um local de grande interesse geológico e histórico.

3 - Elementos Opcionais

Folheto Promocional do Percurso:

Fotos/evidências da concretização do percurso por um grupo da escola ou comunidade: