24-25 | Operação Sem Fronteiras – Comércio Ilegal, uma via para a Extinção
Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (Setúbal)
Escalão: Escalão 1 - Jardins de Infância e Escolas do 1º Ciclo
Intervenientes:
A concretização deste desafio contou com a participação dos alunos das 4 turmas da Escola de Ensino Especial da APPACDM de Setúbal, com idades compreendidas entre os 8 e os 18 anos, e respetivos professores e auxiliares da ação educativa.
Memória descritiva
Explicação do processo de conceção e de elaboração do trabalho, assinalando as suas fases mais significativas:
Na natureza, cada ser vivo tem um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas e na sobrevivência das espécies. No entanto, a atividade humana está a provocar um desaparecimento acelerado de muitas espécies vegetais e animais.
A perda de habitat, a caça, a poluição e o comércio ilegal são alguns dos principais causadores desta ameaça de extinção. É fundamental sensibilizar as novas gerações para este problema grave, para que os jovens de hoje não percam a oportunidade de conhecer a diversidade da vida no nosso planeta.
Foi nessa linha de pensamento que a nossa escola aceitou o desafio do Progama Eco-Escolas de organizar uma exposição sobre o tema "Tráfico Ilegal, uma via para a extinção". De forma a envolver toda a comunidade educativa, cada uma das quatro turmas selecionou uma ou mais espécies ameaçadas, pesquisou para um estudo mais aprofundado das mesmas, promoveu debates internos sobre a sua condição de espécie em extinção e criou trabalhos alusivos às mesmas. As turmas tiveram ainda oportunidade de partilhar entre si os saberes adquiridos.
Os animais construídos pelas várias turmas ganharam lugar de destaque na exposição que foi montada num dos corredores da escola, local acessível a toda a comunidade escolar e às famílias que aceitaram o convite para visitarem esta exposição, numa espécie de “safari pedagógico”, onde cada paragem representava uma história de resistência, de alerta e de esperança.
Metodologia utilizada e resultados da implementação da exposição:
Cada uma das turmas optou pela metodologia mais adequada às características dos alunos que as integram.
Na turma A, salas 2/3, a apresentação do desafio “Operação Sem Fronteiras”, com o tema “Espécies em Extinção”, surgiu no seguimento de uma atividade anterior, em que os alunos haviam dado asas à imaginação construindo um animal com resíduos eletrónicos. Essa experiência abriu portas a uma nova viagem – desta vez, uma expedição pelo mundo da biodiversidade ameaçada.
Com os olhos brilhantes de interesse, os alunos foram convidados a descobrir mais sobre os animais que vivem à beira do desaparecimento. De imediato, a sala transformou-se num laboratório de investigação digital. Em pequenos grupos, com tablets e computadores ao alcance, as crianças exploraram sites, vídeos e imagens, mergulhando na descoberta dos motivos que levam tantas espécies ao risco de extinção.
Seguiram-se momentos de reflexão em conjunto. Reunidos em círculo, partilharam o que haviam aprendido. As suas vozes, umas mais tímidas, outras mais ousadas, entrelaçaram-se num debate vivo e genuíno. Cada grupo apresentou ideias, levantou questões e propôs soluções. Foi desta troca de saberes e afetos que emergiram os protagonistas do nosso projeto: o urso polar, a pantera negra, o mocho-papagaio, a boga portuguesa, o mocho galego e o polvo comum.
A seleção destes animais foi tudo menos aleatória. O urso polar, símbolo maior das consequências das alterações climáticas, viu o seu habitat gelado diminuir a olhos vistos. A pantera negra, majestosa e enigmática, sofre com a desflorestação e a caça furtiva. O mocho-papagaio, ave exótica e rara, enfrenta a destruição do seu ecossistema natural. A boga portuguesa, um peixe endémico dos nossos rios, luta contra a poluição e a introdução de espécies invasoras. O mocho galego, pequeno e discreto, vê-se ameaçado pelo uso intensivo de pesticidas. E o polvo, criatura inteligente e fascinante, é vítima da sobrepesca e da degradação dos oceanos.
Cada aluno contribuiu à sua maneira. Uns recortaram, outros colaram, outros pintaram ou ajudaram a montar as estruturas. Usaram-se materiais reciclados, dando nova vida a embalagens, tecidos, jornais e plásticos outrora esquecidos. O espírito de entreajuda foi notável – todos se sentiram parte de algo maior, conscientes de que as suas mãos pequenas podiam criar algo com uma mensagem gigante.
A turma B, salas 6/7, pretendeu com o desafio Operação sem Fronteiras – Comércio Ilegal, uma via para a extinção, prestar homenagem à pequena coruja-do-mato-tropical, de nome Yeti, natural da América do Sul, usada no Zoo para sensibilizar a população relativamente ao tráfico de espécies em extinção. Foi com grande interesse e empenho que os alunos da turma B abraçaram este desafio. Para a concretização da espécie trabalhada, a coruja-do-mato-tropical, os alunos utilizaram essencialmente materiais reutilizados: restos de lãs, penas das aves da quinta, círculos de madeira, pinha, paus (galhos), olhos autocolantes, cola e um balão.
A turma C, salas 8/9, elegeu como objeto de estudo a cobra-do-milho, por sugestão de um dos alunos com reconhecido interesse por répteis. Este animal selvagem é nativo da América do Norte, sendo predominantemente encontrado no sudeste dos Estados Unidos. A cobra-do-milho tem como habitat áreas de vegetação densa, zonas florestais e encostas rochosas.
Embora ainda não seja considerada uma espécie em extinção a nível global, esta espécie enfrenta desafios crescentes. A destruição de habitat, particularmente na Flórida, representa uma ameaça significativa para as suas populações selvagens. Além disso, a poluição e outras ameaças ambientais são fatores que podem afetar a sua sobrevivência a longo prazo. Um problema adicional que a cobra-do-milho enfrenta é a captura para o comércio ilegal de animais exóticos. A sua natureza dócil e a sua beleza vibrante tornam-na muito procurada, o que infelizmente alimenta este mercado ilícito e coloca pressão sobre as populações selvagens.
Para complementar o estudo teórico, os alunos procederam, de forma muito entusiástica, à construção de uma cobra-do-milho com materiais recicláveis: Papel e cartão para a estrutura, cola e fita-cola para a montagem e pincéis e tintas para dar vida e cor.
Para abraçarem este desafio, os alunos da turma D, salas 4/5, assistirem a curtos documentários sobre algumas espécies em vias de extinção (lince-ibérico, águia pesqueira, baleia azul, boto,…). Debateram as razões que estão na origem da ameaça de extinção e referiram formas de as proteger. Elegeram a arara-azul como foco de estudo e conscientização, e esta escolha não foi por acaso. A plumagem exuberante da arara-azul, em tons vibrantes de azul, contrastando com o amarelo vivo ao redor dos olhos e na base do bico, despertou rapidamente a curiosidade dos alunos. A sua singular beleza torna-a extremamente atraente para colecionadores e traficantes, intensificando a ameaça à sua sobrevivência. O tráfico ilegal impulsiona a captura de filhotes e adultos, dizimando populações e destruindo habitats. Os alunos mostraram-se muito sensibilizados com a atual situação da arara-azul e reconheceram a urgência em proteger esta espécie ameaçada.
Para consolidar conhecimentos não só sobre a arara-azul, em particular, mas também sobre as características das aves, em geral, os alunos construíram um painel com a representação de uma arara-azul, em grande formato. Para tal, utilizaram materiais reutilizados como: cartão, revistas, papel crepon (reaproveitado de um ramo de flores), fio e ainda tesoura e cola.
Fontes de pesquisa mobilizadas:
Para visionamento de vídeos temáticos, pesquisas de conteúdo, todas as salas fizeram uso das tecnologias, nomeadamente da internet.
Foram usadas as seguintes fontes de pesquisa:
https://www.reptimundo.com/cobra-do-milho/
https://brasilescola.uol.com.br/animais/arara-azul.htm
https://www.zoo.pt/pt/blog/animais/yeti-o-ovo-surpresa-do-jardim-zoologico/
https://essenciadoambiente.pt/agenda/dia-internacional-do-urso-polar/
Articulação do trabalho com as aprendizagens essenciais das disciplinas envolvidas e com os Domínios da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania:
Esta exposição sobre animais em vias de extinção poderá constituir uma ferramenta poderosa para:
Despertar a Consciência Ambiental: Ao entender que a ação humana é a principal causa da extinção de espécies, os jovens começam a refletir sobre seu próprio impacto no planeta.
Fomentar o Conhecimento e a Pesquisa: A exposição pode ser o ponto de partida para projetos de pesquisa, debates em sala de aula e trabalhos interdisciplinares.
Desenvolver o Senso de Responsabilidade Social: Ao perceberem que têm um papel ativo na proteção da biodiversidade, os alunos desenvolvem um forte sentido de responsabilidade social. Eles aprendem que pequenas ações no dia a dia como: reduzir o consumo, reciclar, economizar água e energia, podem ter um impacto coletivo significativo.
Estimular a Empatia e o Respeito pela Vida: O contato com a vulnerabilidade dos animais em extinção fomenta a empatia nos alunos. Eles aprendem a valorizar todas as formas de vida e a entender que o bem-estar do planeta está interligado ao bem-estar humano.
Este desafio prático serviu ainda para reforçar a aprendizagem sobre as características (anatomia, alimentação, cor, revestimento, meio em que vivem…) dos animais estudados e também para desenvolver a criatividade e as habilidades motoras finas.
Em suma, uma exposição sobre animais em vias de extinção, integrada ao currículo escolar, leva a que a educação ambiental não seja um conceito abstrato, mas se transforme numa experiência concreta e motivadora. A escola, ao abraçar essa missão, não apenas educa sobre a crise da biodiversidade, mas forma uma nova geração de guardiões do planeta, preparados para enfrentar os desafios do futuro com conhecimento, respeito, empatia e determinação.
Este trabalho não foi apenas uma atividade artística. Foi uma lição de cidadania ambiental, de empatia pelo outro – mesmo que esse “outro” tenha penas, escamas, asas ou patas. Acima de tudo, foi um apelo silencioso, mas poderoso, para cuidarmos do planeta com o mesmo carinho com que cuidamos de quem amamos. Porque, como os alunos bem aprenderam: proteger a natureza é proteger o futuro!
Registo fotográfico do panorama geral da exposição:
Registo fotográfico de pormenores da exposição:
Registo fotográfico das principais etapas do projeto:
Vídeo de apresentação da exposição (opcional):
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