O projeto ClimACT conta com 14.000 estudantes, 2 000 pais e mais de 1 000 professores em quase 40 escolas em Portugal, Espanha, França e Gibraltar.
O projeto ClimACT, que tem como objetivo promover a transição energética nas escolas, foi distinguido em Bruxelas, no âmbito dos Prémios de Energia Sustentável da União Europeia (UE), dinamizados pela Comissão Europeia. A Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) desenvolveu a componente de educação para a sustentabilidade e a metodologia pedagógica do projeto é baseada no programa Eco-Escolas.
Em Portugal, participam as seguintes escolas:
- Escola EB 2,3 General Humberto Delgado
- Escola EB 2,3 João Villaret
- Escola EB 2,3 Maria Veleda
- Escola EB 2,3 Mário Sá Carneiro
- Escola Sec/3 José Cardoso Pires
- Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa
- Escola Secundária Abel Salazar
- Escola EB1 Padre Manuel de Castro
- Escola EB 2,3 Júlio Dinis (Grijó)
A investigadora do IST, Marta Almeida, responsável pelo projeto, explicou que o objetivo do ClimACT é “melhorar a performance” das escolas no que toca à sustentabilidade dos edifícios, bem como sensibilizar as crianças e os jovens para o combate às alterações climáticas, levando-os “a agir, porque ninguém vai agir por eles”.
“O projeto envolveu medidas estruturais que tiveram a ver com alterações no próprio do edifício das escolas, como a mudança de lâmpadas e do isolamento, mas visou sobretudo alterações comportamentais, através de atividades como ir para a escola de bicicleta, plantar árvores e ações de sensibilização na área dos resíduos e da poupança de água e de eletricidade”, precisou a responsável.
De um total de mais de 100 candidaturas, foram 12 os finalistas aos Prémios de Energia Sustentável da UE, organizados no âmbito da Semana da Energia Sustentável da União que hoje arrancou e decorre até sexta-feira. Na categoria de Juventude, eram três os nomeados, o vencedor foi o projeto liderado pelo IST, divulgou o executivo comunitário numa cerimónia em Bruxelas. “É uma vitória para as escolas e para os alunos e uma inspiração para todos”, disse Marta Almeida à Lusa. Baseado em Lisboa, o ClimACT envolveu não só Portugal, mas também Espanha, França e Gibraltar. Ao todo, o projeto mobilizou cerca de 15 mil alunos de quase 40 instituições de ensino destes países, desde o pré-escolar até universidades, bem como perto de dois mil pais e mil professores em escolas de Portugal, Espanha, França e Gibraltar. Em Portugal, foram abrangidas escolas nos municípios de Loures, de Lisboa, de Matosinhos e de Vila Nova de Gaia.
O projeto dirige-se a crianças e jovens até ao nível universitário, ajudando os estudantes a adquirir as competências de que necessitam para se responsabilizar pelo consumo de energia nas suas escolas. “O aspeto mais importante do projeto foi a criação de comissões de baixo carbono nas escolas, constituídas por alunos, professores e autoridades locais, que estabeleceram medidas que foram depois postas em prática por brigadas de baixo carbono”, explicou Marta Almeida à Lusa. Com isto, “envolvemos toda a comunidade e os jovens nesta transição para a economia de baixo carbono”, acrescentou. Aludindo às recentes manifestações estudantis a favor do clima, Marta Almeida adiantou que esta “é uma geração muito alerta para esta problemática” das alterações climáticas, pelo que espera que a iniciativa seja replicada noutras escolas do país.
Na sequência do seu lançamento em 2016, o primeiro passo dado pelo ClimACT foi realizar auditorias sobre o consumo de energia em todas as escolas participantes. Depois a equipa do projeto criou uma plataforma de análise comparativa, que permite às escolas compararem, entre si, os seus consumos de energia. Ao mesmo tempo, peritos trabalharam com as escolas para avaliar os dados e fazer recomendações sobre as mudanças que poderiam levar a cabo. O ClimACT montou ainda uma plataforma de correspondência de recursos, dando às escolas acesso a modelos de negócio e estratégias inovadoras que as podem ajudar a suportar os custos das mudanças estruturais. Por exemplo: associando as escolas a empresas dispostas a suportar os custos relativos a isolamentos e deixando as escolas reembolsar as verbas através da poupança de energia feita ao longo do tempo. Além disso, foi também criada uma plataforma educativa, incluindo cursos de e-learning para professores, jogos e atividades que os professores podem usar nas aulas.
Neste momento, o projeto está a avançar para além das salas de aula e a promover as escolas como comunidades. Conhecidas como Comissões de Baixo Carbono, estas redes (de estudantes, professores, pais, pessoal e representantes locais) definem metas, fazem planos e identificam formas de as escolas poderem melhorar o seu desempenho energético. Outro grupo constituído por estudantes e professores, designado Brigada de Baixo Carbono, é responsável pela implementação das iniciativas. “Uma conquista muito importante é dar competências e conhecimentos aos estudantes e professores, para continuarem após o final do projeto,” afirmou Marta Almeida. O projeto pretende contribuir para a transição para um consumo de energia mais sustentável e inspirar os jovens, mostrando-lhes que as suas ações fazem a diferença. “Conseguirmos mudar a forma como eles veem o futuro,” afirmou Marta Almeida, “fazê-los sentir que isto é importante para eles, para os seus filhos, para o futuro – isto é a coisa mais importante deste projeto.”
Mais informações sobre o projeto em: http://www.climact.net/