“O Pinto vai à Escola” em 15 Eco-Escolas de Lisboa

O projeto “O Pinto vai à Escola” tem como objetivo organizar e sistematizar a incubação de ovos de galinhas das 4 raças autóctones, durante o período de desenvolvimento do pinto (21 dias) em algumas escolas de Portugal.  Em parceria com o programa Eco-Escolas, que convidou escolas da sua rede a participar nesta iniciativa, 15 Eco-Escolas tiveram a oportunidade de ajudar os alunos a perceberem o processo de incubação e a importância da preservação de diferentes raças autóctones.

O projeto resultou de uma ideia da investigadora do pólo de Santarém da INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária), Inês Carolino. Incentivada pelo entusiasmo de uma professora de Lisboa que comprou galinhas autóctones para o seu quintal e que conquistou o interesse de uma aluna  sobre o processo de incubação, a investigadora colocou uma incubadora na escola. A forma como decorreu o processo até ao nascimento dos pintos levou-a a querer alargar a iniciativa.

“Há uma distância grande entre o campo e a cidade, mas sobretudo pouca informação sobre o que se come, como é produzido, como nascem e vivem os animais”, diz a investigadora ao apresentar a sua iniciativa.

Com todo o equipamento cedido pelo INIAV, o projeto, que inclui os 21 dias de incubação, dura em cada escola até à primeira semana de vida dos pintos, altura em que estes regressam às instalações da Fonte Boa, em Santarém. Quinze Eco-Escolas tiveram a possibilidade de participar neste ano piloto e houve o compromisso com as restantes inscritas, que não tiveram oportunidade de participar, de que serão as primeiras a receber as incubadores no início do próximo ano letivo.

Segundo dados de 2018 da AMIBA, os animais com as características exemplares das quatro raças portuguesas não chegam aos 5.000, o que faz com que se encontrem em risco de extinção. Das quatro raças existentes – Amarela, Branca, Pedrês Portuguesa e Preta Lusitânica -, a Branca é a que apresenta um menor número de efetivos (com apenas 900 reprodutoras em todo o país).

Esta situação esteve na origem do protocolo de colaboração com a Estação Zootécnica Nacional (EZN), entidade do INIAV responsável pela investigação e desenvolvimento experimental em produção animal, detentora do Banco Português de Germoplasma Animal, para a constituição de um núcleo, na Fonte Boa, no Vale de Santarém, para garantir a preservação das quatro raças.

Esta parceria permitiu a realização de vários estudos, nomeadamente para registo de dados biométricos e para caracterização genética das quatro raças, percebendo as diferenças entre elas, salientando, Inês Carolino, o papel destes animais na agricultura familiar.

Neste sentido o projeto, que prevê continuar nos próximos 5 anos, torna-se uma excelente ferramenta não só para aproximar as crianças do campo, como para salientar a importância da preservação das espécies autóctones, mas também para sensibilizar para questões relacionadas com a agricultura nacional e com a alimentação.

Fonte: https://www.rtp.pt/noticias/pais/