Memória descritiva:
Recreios com vida
Nestes tempos atuais, em que as crianças se sentem demasiado atraídas pelos equipamentos eletrónicos, é urgente fornecer-lhes alternativas saudáveis que contrariem a tendência para o sedentarismo e estimulem o desenvolvimento de competências cognitivas, fisico-motoras, linguísticas e sociais que conduzam ao seu crescimento harmonioso.
Assim , o Projeto Recreio com vida, pela suas características, revelou-se, ao longo do ano, uma excelente forma de devolver ao alunos o gosto pela brincadeira, de manter vivas as tradições, de desenvolver valores éticos e morais, de fomentar a inclusão, a prevenção do bullying, etc.
Relativamente à implementação do projeto, estiveram envolvidos os 10 alunos que integram a turma D, do Centro Sócio-Educativo da APPACDM de Setúbal, com idades compreendidas ente os 7 e os 16 anos, com necessidades educativas específicas, todos com déficit cognitivo associado a patologias como: Perturbação do Espectro do Autismo, Paralisia Cerebral, Trissomia 21 e Atraso Global do Desenvolvimento.
A primeira fase do desenvolvimento do projeto consistiu em fazer-se um levantamento dos jogos tradicionais que acompanharam a infância dos avós/bisavós dos alunos, com vista à recuperação dos mesmos (jogo da macaca, saltar à corda, jogar às escondidas, lencinho da botica, apanhada, jogo das estátuas, cabra-cega, corrida de sacos, quente-frio, danças de roda, jogos de equilíbrio, etc…). Estabeleceu-se a tarde de quinta-feira como “a tarde do jogo” e, todas as semanas, foi desenvolvido um jogo diferente, privilegiando os diferentes espaços exteriores da quinta onde a escola está inserida (alpendre, campo de jogos, parque das máquinas, parque de merendas) e aproveitando os recursos naturais existentes (árvores, troncos, mata) e as estruturas produzidas (muros, caminhos, escadas, desníveis do terreno …). Sempre que as condições atmosféricas não permitiam a saida para o exterior, os alunos desenvolviam, na sala, jogos de tabuleiro (jogo da glória, uno, 4 em linha, etc.)
Houve ainda os momentos de interação com as outras turmas, em que o grupo de alunos designado como “Brigada do recreio” convidou as restantes turmas a participar na dinamização dos jogos.
O novo jogo : o nosso Caxangá
Por uma das avós inquirida, foi referido um jogo “o caxangá” que era completamente desconhecido no universo escolar. Este jogo despertou a curiosidade dos alunos e a vontade de saber mais sobre o mesmo. Pedimos à avó que nos facultasse uma demonstração e criámos a nossa versão do Caxangá, com as adaptações necessárias, tendo em conta as características dos alunos desta escola de Ensino Especial. Este será, certamente, mais um jogo a incluir na vasta lista de jogos que deram (mais) vida aos nossos recreios, ao longo do ano.
Sala 10 e 11