Muros Com Vida – Trabalhos 2022/2023

Escola Básica e Secundária Michel Giacometti (Sesimbra)

Fotografias

Fotografias do processo/pintura:

Totalidade da pintura:

A fachada do bloco D

Fotografias de detalhes:

Parceiros:
Junta de Freguesia da Quinta do Conde - Forneceu os meios técnicos e humanos para a limpeza do muro e da fachada;
Montalto Azeitão - Forneceu a tinta branca de base para a primeira demão de branco e a tinta azul de fundo.
Magjacol de Pinhal Novo - Forneceu todas as tintas de cor utilizadas na pintura da fachada

Memória descritiva

Identificação do ecossistema e elementos do ecossistema presentes na pintura:
As pinturas enquadram-se no tema do ano Eco-Escolas “Biodiversidade: Preservar e Regenerar”. No mural está representada alguma da fauna e flora endémicos da nossa zona, a zona de Sesimbra e da Arrábida. A Arrábida é um local de grande diversidade de espécies da fauna, com cerca de 650 invertebrados identificados, nomeadamente 106 de aranhas (Classe Arachnida) 445 de escaravelho (Classe Insecta, Ordem Coleoptera), 61 borboletas (Classe Insecta, Ordem Lepidoptera), 37 de formigas (Classe insecta, Ordem Himenoptera) e 4 de tingideos (Classe Insecta, Ordem Hemiptera). Realça-se que o cabo Espichel constitui um dos troços de uma das rotas preferenciais de migração de aves. Este local, com poucas árvores e exposto ao vento marítimo, é pouco rico em termos de aves nidificantes, mas adquire particular importância no final do verão, durante a migração.
Assim sendo, do nosso mural constam:
O mocho-galego é uma espécie que está presente desde a Europa Ocidental e do Norte de África, até ao extremo Oriente. No entanto, os mochos-galegos são muito sedentários e há registos de comunidades existentes na Serra da Arrábida.
O carrasco no desenho é dito uma relíquia e único na Europa, o seu nome é Carrascal Arbóreo.
O gorgulho esmeralda-rosado (Cneorhinus serranoi, inicialmente designado Candidula setubalensis - é uma espécie de insetos coleópteros polífagos pertencente à família Curculionidae. A autoridade científica da espécie é Alonso-Zarazaga, tendo sido descrita no ano de 1988) e o caracol (Candidula setubalensis) são invertebrados que ocorrerem exclusivamente na Serra da Arrábida, inclusivamente o caracol encontra-se na Lista Vermelha da IUCN (espécies ameaçadas).
Nesta serra existe uma grande diversidade de insetos e, para os representar, escolheu-se a borboleta Branca-Portuguesa (Euchloe tagis - Euchloe tagis é uma espécie de insetos lepidópteros, mais especificamente de borboletas pertencente à família Pieridae. A autoridade científica da espécie é Hübner, tendo sido descrita no ano de 1804).
Perto da borboleta podemos ver umas árvores que correspondem à insígnia do Agrupamento de Escolas Michel Giacometti.
O pássaro, Pisco-de-peito-ruivo também é uma espécie que pode ser encontrar na Arrábida.
A flor cor-de-rosa pertence à família orchidaceae, o Parque Natural da Arrábida tem várias espécies de orquídeas sendo essa flor do desenho a representação de uma dessas.
Podemos ver também que o caracol está em cima de uma forma com várias linhas que pode ser vista como uma forma de representação da brecha da Arrábida.

Qual a razão da escolha desta imagem?
A imagem é uma montagem dos dois desenhos selecionados e representa vários seres vivos endémicos da Serra da Arrábida e da zona de Sesimbra, de acordo com o tema do ano Eco-Escolas “Biodiversidade: Preservar e Regenerar” e no âmbito no projeto "Nada muda se nós não mudarmos!", da turma D do 9.º ano, integrado no tema geral da escola "A escola é o que queremos que seja!".

Qual o processo de trabalho/dinâmica/metodologia que conduziu à elaboração do mural:
Foram melhorados dois espaços exteriores da escola: iniciou-se a pintura de um muro com 98,17m e fez-se a pintura completa desta fachada (20 metros x 3 metros), O muro, devido à sua dimensão e esta fachada junto a uma das entradas da escola, foram escolhidos para uma maior visibilidade e transmissão da mensagem.
Foi feita a pesquisa sobre a fauna e flora da zona e realizados os projetos à escala, sobre papel.

Qual a idade e forma como foram envolvidos os alunos?
No âmbito no projeto "Nada muda se nós não mudarmos!", integrado no tema geral da escola "A escola é o que queremos que seja!", a turma 9D (25 alunos, 1 dos quais apenas frequenta a aula de OCP dado estar integrado no Centro de Apoio à Aprendizagem (CAA)), com uma média de idades que ronda os 15 anos, implementou, apesar de alguma dificuldade inicial, a atividade "Muros com vida" do programa Eco Escolas, apresentada pela professora de OCP, Daniela Bastos. A nossa escola necessita de muita intervenção e os alunos foram chamados a intervir, identificando problemas e procurando soluções. E um dos problemas é o aspeto do espaço físico da escola. Para a referida atividade de melhoria do aspeto visual, era necessário a elaboração de desenhos de animais e plantas, fauna e flora, da região de Sesimbra. Nas aulas de OCP, após a visualização de um documentário sobre a arrábida (Arrábida da Serra ao Mar - versão curta 12min - YouTube) foram feitas pesquisas, selecionados os animais e as plantas, fizeram-se esboços e desenhos, pintaram se de acordo com fotografias reais. Foi escolhido pelos alunos intervenientes, por unanimidade, dois dos projetos apresentados pela turma.
Depois de decidido quais os desenhos a implementar na fachada foram efetuados estudos de cor e, recorrendo a fotografias de Francisco Rasteiro, todos os alunos coloriram os seus desenhos (fotocopiados em folhas A3) de modo a familiarizarem-se com as cores. Um dos alunos, do Centro de Apoio à Aprendizagem (CAA), revelou uma maior dificuldade mas foi apoiado pelos restantes colegas.
Era necessário passar do papel para o muro/fachada. Esta tarefa hercúlea não estava ao nosso alcance. Era necessário ajuda. Era necessário a ajuda de um muralista. A escolha recaiu, obviamente, sobre Tiago Hacke. Um muralista que se dedica quase exclusivamente a animais e plantas. Forma feitos os contactos e agendado um workshop para que aprendêssemos técnicas de pintura em parede. Mas o muro também necessita de tinta. Muita tinta! Estabeleceram se muito contactos, com a junta de freguesia da Quinta do Conde, com a câmara municipal de Sesimbra, com empresas revendedoras de tintas, com fábricas de tinta de fora do concelho. Uns contribuíram, outros não, mas não foi por isso que se deixou de ter vontade para transformar a nossa escola. E quando não se baixam os braços, mesmo quando não nos respondem ou nos respondem negativamente, levantamos a cabeça e tentamos de novo! Não deixámos de acreditar!
A Junta de Freguesia da Quinta do Conde que disponibilizou os meios técnicos e humanos para a limpeza dos muro e da fachada com uma máquina de pressão, e meios humanos para a primeira pintura de branco. No entanto, a pintura só foi possível devido à colaboração de algumas empresas, nomeadamente a Montalto de Azeitão que nos disponibilizou várias latas de tintas de teste que foram usadas para a primeira demão de branco e da Magjacol, uma empresa de tintas do Pinhal Novo que nos patrocinou fazendo todas as cores que utilizamos nos desenhos. As cores, essas, foram escolhidas pelos alunos, de acordo com os seus desenhos e fotografias. Foi ainda necessário fazer a recolha de cartões que permitissem a proteção do chão. Esta recolha foi sendo feita nos vários supermercados da zona.
A pintura com trinchas e rolos foi realizada no dia 3 de Maio após um workshop com o muralista Tiago Hacke que dotou os alunos de técnicas de pintura em parede. Neste dia, contámos também com a presença de uma aluna do primeiro ciclo, do 3.º ano de escolaridade.
E assim foi! A pintura fez-se num dia, num dia muito comprido, de muito calor e de muito trabalho mas o resultado está à vista de todos. Fizemos a nossa parte. Alteramos, para melhor, o aspeto da fachada do bloco D. Mas não vamos ficar por aqui! Porque "nada muda se nós não mudarmos!". E como me disse o Nuno (um dos alunos que mais dificultou a implementação do projeto) após pintar a primeira folha na parede: "Professora, peço desculpa. Eu nunca acreditei mas a professora tinha razão. Fizemos acontecer! Afinal até se fazem "coisas" nesta escola! E coisas boas!”