Muros Com Vida – Trabalhos 2023/2024

Escola EB 2,3 Dr. Horácio Bento de Gouveia (Funchal)

Fotografias

Fotografias do processo/pintura:

Totalidade da pintura:

Levadas da Floresta Laurissilva.

Fotografias de detalhes:

Parceiros:
Câmara Municipal do Funchal.

Memória descritiva

Identificação do ecossistema e elementos do ecossistema presentes na pintura:
Identificação do ecossistema e elementos do ecossistema presentes na pintura:
No âmbito deste projeto selecionamos as Levadas da Floresta Laurissilva pela sua beleza natural e o rico Património Natural. Assim, as levadas são representativas da singularidade da Ilha da Madeira, evidenciando um ecossistema e uma biodiversidade caraterística desta região. Neste sentido, procuramos identificar as espécies mais representativas deste ecossistema:
• as árvores endémicas que prosperam ao longo destes canais de água, tais como: o Loureiro (Laurus Azorica), o Til (Ocotea foetens), o Vinhático (Persea indica) e o Folhado (Clethra arbórea);
• os arbustos endémicos, estas plantas desempenham importantes funções no ecossistema, nomeadamente no equilíbrio hídrico através da elevada eficiência na retenção da água dos nevoeiros e da chuva, no ciclo dos minerais e na produção de biomassa. Assim, foram representados os Massarocos (Echium candicans), a Figueira-do-inferno (Euphorbia malífera) e o Isoplexis sceptrum, as Orquídeas-da-serra (Dactylorhiza foliosa), o Gerânio-da-Madeira (Geranium maderense), os Fetos-do-botão ou do pontinho (Woodwardia radicas);
• os líquenes são igualmente abundantes, algumas espécies são indicadoras de elevada qualidade ambiental e a inexistência de poluição, nomeadamente, a Barba-de-velho (Usnea sp.);
• as levadas abrigam várias espécies de peixes e outros organismos aquáticos, selecionamos a espécie nativa, a Enguia (Anguilla anguilla), como representante da fauna aquática. Além disso, é comum encontrar invertebrados aquáticos, como caracóis e crustáceos, que desempenham papéis importantes no ecossistema aquático, neste contexto, representamos a Lesma endémica (Phaenacolimax madeirovitrina ruivensis);
• as aves também desempenham um papel vital no ecossistema das levadas. Utilizam as áreas circundantes das levadas para se alimentar, descansar e nidificar. Algumas espécies comuns incluem: o Pombo-trocaz (Columba trocaz), o semeador; o Melro preto (Turdus merula cabrerae), o Bis-Bis (Regulus ignicapillus madeirensis) que se alimenta de insetos, o que seguramente lhe confere uma importância elevada ao nível do equilíbrio dos ecossistemas; o Tentilhão (Fringilla coelebs maderensis), alimenta-se de insetos e de sementes e a Manta (Buteo buteo harterti);
• os insetos, encontramos uma grande variedade que contribui para a biodiversidade local e desempenham um papel importante na polinização das plantas, na decomposição da matéria orgânica e na cadeia alimentar. Nomeadamente, a Borboleta Cleópatra-da-Madeira (Gonepteryx maderensis), o Zangão (Bombus maderensis), o Escaravelho da quebra-panela (Chrysolina fragariae) e a Libélula (Sympetrum nigrifemur);
• os microrganismos, como bactérias e fungos, são cruciais para a decomposição da matéria orgânica e a reciclagem de nutrientes ao longo das levadas. Estes ajudam a manter a saúde do ecossistema e fornecem uma base nutritiva para muitas outras formas de vida. Assim, foram representadas as espécies emblemáticas, a Madre-Louro (Laurobasidium lauri), espécie parasita do Loureiro e das poucas a que um nome-comum fora atribuído pela população madeirense, e os Cogumelos, Amanita-das-moscas (Amanita muscaria);
• por fim, os seres humanos (Homo sapiens sapiens) desempenham um papel significativo no ecossistema das levadas da Ilha da Madeira. Além de serem responsáveis pela construção e manutenção das levadas ao longo dos séculos, os habitantes locais dependem desses canais de água para a agricultura, o abastecimento de água potável e o turismo.

Qual a razão da escolha desta imagem?
A Laurissilva é uma floresta subtropical húmida que é característica da Macaronésia, onde a Ilha da Madeira está incluída. Esta floresta é composta principalmente por árvores lauráceas, como o loureiro (Laurus novocanariensis) e o til (Ocotea foetens), bem como uma variedade de musgos, fetos e líquenes. A Laurissilva é considerada um ecossistema único e é reconhecida como Património Mundial pela UNESCO. Neste contexto, resolvemos destacar um sistema hidráulico que remota ao século XV, as emblemáticas levadas madeirenses, que são canais de água historicamente construídos para transportar água das áreas de maior precipitação para as regiões mais secas da ilha. Estes canais criam um ecossistema único ao longo de seu curso, proporcionando um habitat para uma variedade de plantas, animais e micro-organismos. Deste modo, além da floresta Laurissilva enaltecemos um património construído que também permite disfrutar de uma enorme riqueza natural.

Qual o processo de trabalho/dinâmica/metodologia que conduziu à elaboração do mural:
A metodologia deste projeto envolveu um trabalho colaborativo entre todos os participantes, professoras, alunos e parceiros envolvidos. Assim, o projeto foi apresentado à Câmara Municipal do Funchal, que agilizou o fornecimento das tintas e materiais de pintura para a realização do mural.
Nas aulas de Educação Visual, cada turma iniciou o trabalho de investigação, utilizando diversas fontes de pesquisa, incluindo os links sugeridos na proposta de Concurso "Muros com Vida". E ainda, foram orientados pelas suas professoras a realizar uma investigação sobre os conceitos de "Ecossistema", "Património Natural" e “Ilustração Científica”, indispensável na produção de imagens para a comunicação e divulgação em Ciência.
Após esta pesquisa foi realizada uma sensibilização sobre a importância do complexo e diversificado ecossistema das levadas da Laurissilva. Seguiu-se uma investigação e seleção de várias espécies que encontramos ao longo das levadas da floresta Laurissilva da Ilha da Madeira, que foram distribuídas pelas duas turmas. Assim, cada aluno realizou os estudos gráficos representativos da espécie atribuída, tendo por base o rigor e a clareza da ilustração científica.
Após esta fase inicial, foram selecionados os melhores estudos e integrados no fundo representativo de uma levada, de forma a agilizar este processo, os alunos exploraram o uso de ferramentas digitais para rentabilizar melhor o tempo disponível. Assim, a composição visual pretendeu representar as relações existentes neste ecossistema. No plano de fundo, surge as montanhas representativas da orografia singular da Ilha da Madeira. Num segundo plano, a levada surge rodeada por uma vegetação endémica exuberante e diversificada, as árvores endémicas que prosperam ao longo destes canais de água, tais como: o Loureiro (Laurus Azorica), o Til (Ocotea foetens), o Vinhático (Persea indica) e o Folhado (Clethra arbórea). Os restantes elementos integrantes da composição visual, foram distribuídos de acordo com a relação estabelecidas entre eles. Destacando, algumas espécies de tamanho reduzido, através do uso de círculos de ampliação, para permitir uma melhor identificação dessas espécies endémicas.
Numa fase seguinte, realizou-se a transposição do projeto para a parede selecionada, uma parede exterior do pavilhão da escola, junto da Bio-horta e com acesso aos balneários, um local frequentado por elementos da comunidade escolar, mas também por elementos externos à escola, uma vez que funciona como pavilhão desportivo para diversos clubes desportivos.
Seguidamente, procedeu-se à preparação da parede e do espaço envolvente, com a colaboração de diversos elementos da comunidade educativa, professores e funcionários. Assim, a parede foi pintada de branco para os discentes das turmas envolvidas poderem iniciar a pintura. Numa primeira fase, em contexto de aula e, posteriormente, fora dos tempos de aula. De referir que foi um trabalho moroso e complexo pela superfície irregular da parede, mas um desafio que entusiasmou e motivou os discentes a ultrapassar os obstáculos impostos e a desenvolver competências inerentes à pintura mural, quer ao nível da técnica quer ao nível da expressão.
No culminar do trabalho, todas as espécies da fauna e flora, representadas por cada aluno, foram reunidas numa única composição visual para cumprir com o objetivo principal, divulgar um conjunto de espécies endémicas que compõe o ecossistema das levadas da floresta Laurissilva da Madeira, bem como valorizar este local como um espaço de aprendizagem, contemplação e lazer.

Qual a idade e forma como foram envolvidos os alunos?
Em colaboração com a coordenação do projeto Eco-Escolas da Escola Dr. Horácio Bento de Gouveia, o planeamento do projeto “Muros com Vida” teve início a meados de abril. Na disciplina de Educação Visual, foi apresentado às turmas 6.º 1 e 6.º 6, o enquadramento e os objetivos do trabalho. Neste âmbito, os alunos com idades compreendidas entre os 11 e 12 anos, foram desafiados a trabalhar de forma colaborativa no sentido de promover a preservação e valorização dos ecossistemas, através da arte urbana.
N.º de alunos participantes: 50.