Muros Com Vida – Trabalhos 2023/2024

Identificação do ecossistema e elementos do ecossistema presentes na pintura:
Os alunos deram início aos trabalhos, fazendo uma pesquisa orientada sobre espécies presentes, nas Áreas Protegidas, tradicionalmente visitadas pela escola, em saídas de campo de Ciências Naturais: Parque Nacional Peneda-Gerês e Parque Natural Litoral Norte. Um outro critério baseou-se no gosto pessoal dos participantes que selecionaram, nas suas composições orgânicas, as espécies que consideraram ser mais interessantes numa perspetiva artística.
Assim, as espécies representadas, que a seguir se descrevem, integram a biodiversidade presente no Parque Nacional Peneda Gerês :
Quercus robur (Carvalho-roble) Espécie de árvore caducifólia, que pode atingir alturas superiores a 40 metros. As folhas são alternadas, simples, lobadas, e as bolotas amadurecem ao longo de dois anos. É uma espécie característica dos carvalhais da Peneda Gerês, adaptada a climas temperados e solos férteis.
Mocho-galego (Athene noctua) O mocho-galego é uma pequena ave de rapina noturna, com cerca de 21-23 cm de comprimento e uma envergadura de asas de 50-55 cm. Possui um corpo compacto, cabeça grande e olhos amarelos expressivos. A plumagem é castanha com manchas brancas, e a sua dieta inclui insetos, pequenos mamíferos e aves. Encontrado em grande parte da Europa, Norte de África e parte da Ásia, incluindo o norte de Portugal, em áreas abertas com árvores dispersas, zonas agrícolas e áreas de matagal.
Esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) Este esquilo é um roedor de tamanho médio, com um corpo que mede cerca de 20-30 cm e uma cauda quase tão longa quanto o corpo. Possui uma pelagem que varia de vermelha a castanha, com uma barriga branca. É ágil e passa a maior parte do tempo nas árvores, onde se alimenta de sementes, nozes, frutas e fungos. Amplamente distribuído na Europa e Ásia, o esquilo-vermelho regressou, recentemente a Portugal
Caracol (Helix aspersa) este gastrópode tem uma concha em espiral que pode atingir até 3-4 cm de diâmetro. A concha é geralmente castanha com bandas mais escuras, e o corpo do caracol é macio e acinzentado. Alimenta-se de uma grande variedade de matéria vegetal. Nativo da Europa Ocidental, incluindo o norte de Portugal, o caracol-comum é encontrado em habitats variados, como jardins, florestas e áreas agrícolas.
Borboleta (Melanargia lachesis) Conhecida como borboleta-mármore-ibérica, esta espécie tem uma envergadura de asas de cerca de 5-6 cm. As asas são predominantemente brancas com padrões pretos, lembrando o mármore. Os adultos alimentam-se de néctar, enquanto as lagartas preferem gramíneas. Endémica da Península Ibérica, incluindo o norte de Portugal, é frequentemente encontrada em prados floridos e margens de florestas.
Corço (Capreolus capreolus) O corço, símbolo do Parque Nacional Peneda Gerês, é um pequeno cervídeo, medindo entre 95 a 135 cm de comprimento e com uma altura de 63 a 67 cm até os ombros. Os machos possuem hastes curtas e simples que são renovadas anualmente. A pelagem é avermelhada no verão, tornando-se mais acinzentada no inverno, com uma mancha branca característica na região perianal, conhecida como "espelho". O corço é um herbívoro seletivo, alimentando-se de folhas, brotos, ervas e, ocasionalmente, frutas. São animais solitários ou formam pequenos grupos familiares, sendo mais ativos ao amanhecer e ao entardecer. Encontram-se em florestas mistas e caducifólias, pastagens e matos de toda a Europa, incluindo o norte de Portugal, onde prefere habitats com cobertura densa para proteção e áreas abertas para alimentação.
As espécies seguintes são uma parte importante da biodiversidade presente no Parque Natural Litoral Norte em Esposende, contribuindo para a riqueza ecológica desta área protegida.
Golfinho (Delphinus delphis) O golfinho-comum é um mamífero marinho que pode atingir até 2,7 metros de comprimento. Possui um corpo esguio, com uma coloração característica: parte dorsal cinza escuro e parte ventral branca ou amarelada. É conhecido por ser muito social, vivendo em grupos grandes, e exibe comportamento acrobático. Alimenta-se de peixes e lulas, usando a ecolocalização para localizar suas presas. Ampla distribuição em oceanos temperados e tropicais ao redor do mundo, incluindo a costa atlântica de Portugal.
Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) A águia-pesqueira é uma grande ave de rapina, com uma envergadura de asas que pode chegar a 180 cm. Possui plumagem dorsal castanha e ventral branca, com uma faixa escura ao longo dos olhos. É especialista em pescar, mergulhando para capturar peixes com suas garras afiadas. Nidifica em locais elevados, perto de corpos de água. É encontrada em todas as regiões costeiras e grandes corpos de água interior do mundo, incluindo a costa do norte de Portugal.
Corvo-marinho (Phalacrocorax carbo) O corvo-marinho-de-faces-brancas é uma ave aquática de tamanho grande, medindo cerca de 80-100 cm de comprimento, com uma envergadura de até 160 cm. A plumagem é predominantemente preta, com uma mancha branca na face durante a época de reprodução. Alimenta-se principalmente de peixes, que captura mergulhando habilmente. Descansa frequentemente em rochas e árvores, onde pode ser visto de asas abertas para secar as penas. Amplamente distribuído ao longo das costas incluindo o litoral norte de Portugal.

Qual a razão da escolha desta imagem?
A concorrer aos "Muros com vida", o mural que pretendia, inicialmente, representar a poderosa simbiose entre o mar e a terra, tinha implícita a conexão entre a natureza e a escola: o nosso muro com vida, convidava, afinal, a diferentes olhares…
…. numa escola quem será a coruja, o esquilo, a borboleta ou o caracol? E o golfinho, a águia pesqueira ou o veado?
…então e o frondoso carvalho ou a poderosa onda do mar?
As ideias foram, posteriormente, chovendo…e que chuva bonita foi esta!!!
Querem ver o que surgiu?
- Eu acho que o Mocho, representa o professor ou um aluno estudioso e sábio. Os mochos são frequentemente associadas à sabedoria. Na sala de aula, este papel seria alguém que possui uma compreensão profunda dos assuntos e que pode guiar os outros com seu conhecimento.
- Por outro lado o Esquilo é o aluno ativo e trabalhador, que está sempre a recolher e organizar informações, semelhante à forma como um esquilo junta nozes e bolotas. É diligente, proactivo, previdente e organizado.
- E a nossa bela Borboleta? Simboliza os alunos e os professores criativos e transformadores, que trazem novas ideias e perspectivas à sala de aula. Assim como uma borboleta passa por uma metamorfose, estes alunos e professores mostram grande desenvolvimento ao longo do tempo e inspiram os outros com a sua criatividade e dedicação.
- O Caracol poderá representar o aluno mais introvertido ou alguém que trabalha com calma e precisão. Embora possa parecer lento, o caracol é persistente e detalhista, garantindo que as tarefas sejam feitas corretamente e com cuidado. Este papel também pode ser importante para lembrar a importância da paciência e da atenção aos detalhes.
- E o Golfinho? Bem, eu diria que o golfinho representa alguém na escola mais social, comunicativo e colaborativo. Os golfinhos são conhecidos pela sua inteligência e habilidades de comunicação, bem como por trabalharem bem em grupo. Na escola, este papel seria de alguém que facilita a colaboração, promove um ambiente positivo e incentiva a participação de todos.
- A Águia Pesqueira, por seu lado, simboliza aqueles que têm visão aguçada e capacidade de foco. As águias são conhecidas pela sua capacidade de ver alvos a longa distância e pela sua determinação ao caçar. Numa escola, este papel será de alguém que tem uma visão clara dos objetivos a atingir, é focado e determinado, e pode ajudar os outros a manter o rumo para alcançar suas metas.
- Já o Corço representaria bem um aluno ou um professor que é ágil, atento e sensível ao ambiente. Os corços são conhecidos pela sua rapidez e pela sua capacidade de perceber e reagir atempadamente a mudanças no ambiente. Na escola, este papel pertence a quem é atento às necessidades dos outros, sensível às dinâmicas do grupo e capaz de se adaptar rapidamente a novas situações e desafios.
- Quanto à Borboleta Noturna, poderá simbolizar alguém introspetivo, observador e ativo durante períodos menos comuns. As borboletas noturnas são criaturas da noite, simbolizando alguém que pode ser mais produtivo ou criativo fora dos horários convencionais. Na escola, este papel será de alguém que pensa profundamente, que traz novas ideias durante discussões e talvez trabalhe melhor à noite, mostrando que há valor nos diferentes ritmos de trabalho.
- O Corvo Marinho representa, sem dúvida, alguém adaptável, persistente e eficiente. Os corvos marinhos são excelentes pescadores, conhecidos pela sua capacidade de mergulhar profundamente e capturar peixes com precisão. Na escola, este papel seria de alguém que se adapta bem a diferentes situações, é persistente nas tarefas e capaz de encontrar soluções eficazes para problemas complexos. Estes indivíduos são também altamente eficiente, muitas vezes encontrando maneiras inovadoras de abordar os conteúdos ou a resolução de problemas.
- E quanto ao centro do Mural? A grande onda do mar e o imenso carvalho?
- Sem dúvida que o Carvalho representa alguém que é estável, confiável e fonte de suporte para os outros. Os carvalhos são conhecidos pela sua longevidade, robustez e enraizamento. Na sala de aula, este papel seria alguém que é uma âncora para o grupo e proporciona um ambiente seguro e acolhedor para as aprendizagens. Poderia ser um aluno, que todos procuram para conselhos ou um professor, que proporciona uma base sólida de apoio ou de conhecimento.
- E a Onda do Mar simboliza, é claro, o fluxo constante de experiências e conhecimentos, a introdução de novas ideias e a energia que mantém o ambiente de ensino vibrante e sempre em movimento. É alguém que introduz novas ideias e energias, impulsionando a turma ou a escola para a frente. Este papel pode ser tanto de um aluno quanto de um professor que incentiva a criatividade, a adaptabilidade e o fluxo de novas informações, ajudando os alunos a navegar através do conhecimento de forma fluida e contínua.
Que na nossa escola, mas também na nossa vida, sejamos um pouco de TODOS!

Qual o processo de trabalho/dinâmica/metodologia que conduziu à elaboração do mural:
Selecionadas as espécies a representar, os alunos definiram as composições orgânicas, usando o desenho livre seguido da pintura, através da técnica de coloração a lápis de cor. Doze propostas, pré-selecionadas, ficaram sujeitas à votação, mediante um Google Forms. A comunidade docente, assim como os alunos das turmas envolvidas, puderam eleger os seus trabalhos favoritos tendo sido os mais votados, os das alunas Lorena Rodrigues e Nathalia Ramirez, do 9ºG.
Passou-se de seguida à execução do desenho numa parede de grande visibilidade, que se encontra localizada na escadaria de acesso às salas de aula e à sala dos Professores. Recorreu-se ao uso de um antigo episcópio, que possibilitou a projeção dos desenhos de modo a que retratassem, de forma fiel os projetos vencedores. Ultimado o desenho na parede, a professora Cristina Apolinário, orientou, agora, o trabalho de pintura feito, ao longo de três semanas, por pequenos grupos de alunos. Foi usada a técnica de pintura a tintas plásticas, adequadas a pintura de muros no interior e exterior. A obra foi surgindo em vida, em formas e em cores. Dali nasceria um belíssimo painel que nos remete, a cada instante, para o exemplo da Natureza, onde o equilíbrio e a longevidade assenta na riqueza maior da (bio)diversidade.
E foi, a 7 de Junho de 2024, em plena celebração do Dia da Interculturalidade na nossa escola, que o Mural Coletivo, "Do mar à terra, caminhos de biodiversidade", foi oficialmente inaugurado na presença de alunos, pais, professores, assistentes operacionais e de convidados especiais: a Vereadora da Educação, Drª Carla Sepúlveda, o Vereador do Ambiente, Engº Altino Bessa, a Diretora do Agrupamento de Escolas Carlos Amarante, Drª Hortense Santos e a Coordenadora da EB 2,3 de Gualtar, Drª Isabel Rodrigues.

Qual a idade e forma como foram envolvidos os alunos?
Os alunos do 9°ano, turmas E, F e G, com uma média de idades de 14 anos, foram incentivados e orientados pela professora de Ed.Visual, Cristina Apolinário, aceitando o desafio EcoEscolas com a sua participação no concurso “Muros com vida”.
As coordenadoras do EcoEscolas da EB de Gualtar, Fátima Gaspar e Raquel Malheiro, não podem deixar de dar os parabéns aos muitos alunos envolvidos, particularmente à Lorena e Nathalia, pela criatividade e sensibilidade das suas propostas, à professora Cristina Apolinário, que de forma tão profissional e generosa, os orientou ao longo das diferentes etapas.
Um agradecimento final à CMBraga pela cedência do material necessário e a todos aqueles, que valorizam, a cada olhar, a beleza e a mensagem do Mural, "Do mar à terra, caminhos de biodiversidade".
Continuemos juntos, e na diversidade, a fazer a nossa parte.
O Mural lembra isso, a quem por ele passa, e o Planeta feliz, agradece!
As coordenadoras