Muros Com Vida – Trabalhos 2024/2025

Escola Básica de Pias (Serpa) (Serpa)

Fotografias

Fotografias do processo/pintura:

Totalidade da pintura:

Fotografias de detalhes:

Parceiros:
AMEG (Associação Margem Esquerda do Guadiana) - Aulas de campo
Camara Municipal de Serpa - Apoio logístico e material
Junta de Freguesia de Pias - Apoio logístico
Associação de Pais e Encarregados de Educação - sensibilização
Houve parceria entre os projetos Eco Escolas, Plano Nacional das Artes e Ciência Viva.
Houve igualmente participação de docentes para além dos envolvidos nos projetos referidos bem como de vários assistentes operacionais.

Memória descritiva

Identificação do ecossistema e elementos do ecossistema presentes na pintura:
Ecossistema:
No âmbito deste projeto selecionámos as zonas ribeirinhas com galerias ripículas pela sua beleza e o rico Património Natural com que as freguesias envolventes da Escola se identificam. As galerias ripículas da ribeira do Enxoé pertencente à bacia hidrográfica do Guadiana são representativas da singularidade desta zona do Baixo Alentejo, evidenciando um ecossistema e uma biodiversidade caraterística desta região.
Sendo zonas frequentadas por alguns dos nossos alunos, nos seus tempos livres, procurámos alargar o seu conhecimento prático e, igualmente, envolver outros alunos num conhecimento mais aprofundado. Começou por aulas de campo com visita aos locais visados, estímulo de visitas dos alunos e seus familiares, pesquisa bibliográfica e na internet. Procurámos identificar as espécies mais representativas deste ecossistema:
• as plantas endémicas que prosperam ao longo destas zonas de água, tais como: o junco, as canas, os mantrastos, os poejos, a hortelã da ribeira, as tabuas, as faias, os loendros, os ranúnculos, as silvas,…
Encontramos igualmente, e com alguma importância na economia local, a faia, o choupo e o salgueiro.
Estas plantas desempenham importantes funções no ecossistema, nomeadamente no equilíbrio hídrico através da elevada eficiência na retenção da água dos nevoeiros e da chuva, no ciclo dos minerais e na produção de biomassa. São a base de todo o ecossistema, fornecendo alimento e abrigo a todas as restantes espécies. A comunidade vegetal destes bosques-galeria revela-se fundamental na estabilização das margens dos cursos de água, e redução da velocidade da água, impedindo a erosão e desgaste dos solos. Não menos importante, cumprem uma função de limpeza e depuração, retendo muitos dos agroquímicos arrastados pelas águas escorrentes dos campos agrícolas.
• os insetos dão certamente o maior contributo para a biodiversidade local pois para além da diversidade de espécies dentro da própria classe, atraem anfíbios, répteis e aves que deles se alimentam e são um dos principais agentes de polinização, quer das plantas da zona ribeirinha quer dos dois outros icónicos ecossistemas da região, o montado alentejano e o olival tradicional e outros campos agrícolas circundantes. São ainda vitais na decomposição da matéria orgânica. Destacamos a abelha, a borboleta, a libelinha e a libélula;
• os peixes caraterísticos destes rios: a boga e o barbo, espécies nativas, a carpa e o lúcio-perca, espécies exóticas há muito introduzidas no ecossistema, e organismos aquáticos como moluscos, crustáceos, entre muitos, todos cumprindo importantes funções no equilíbrio do sistema fluvial.
•os anfíbios, espécies de grande vulnerabilidade relativamente às alterações dos padrões de pluviosidade e à poluição, que se encontram entre a água e a galeria ripícula desempenham papeis fundamentais e representam uma rara beleza de cor e som. Estão entre estes o sapo, a rã, o tritão, especialmente o tritão ibérico ou tritão de ventre laranja.
. Os repteis ocupam papel relevante na teia alimentar contribuindo para a regulação de outras espécies, são representados pela cágado, a cobra de água, a osga, o lagarto e a lagartixa.
. As aves aquáticas e aves canoras marcam presença no Enxoé para se alimentar, descansar e nidificar, proporcionando os sons característicos deste ecossistema que se destaca pela grande frescura nos verões abrasadores do Baixo Alentejo. Algumas espécies comuns incluem garça, chapim, pintassilgo, pato, guarda-rios e maçarico.
•os mamíferos, entre os quais o rato ilustrado, fazem, igualmente, parte de todo este equilíbrio, sendo outro exemplo de como as galerias ripícolas contribuem para a manutenção dos ecossistemas circundantes. Para além das lontras, animais como o coelho ibérico, o javali, a gineta ou mesmo o lince-ibérico aqui procuram água, sombra e alimento.
• os microrganismos, como bactérias e fungos, são cruciais para a decomposição da matéria orgânica e a reciclagem de nutrientes. Estes ajudam a manter a saúde do ecossistema e fornecem uma base nutritiva para muitas outras formas de vida.
Elementos do ecossistema presentes na pintura:
Barbo-do-sul, Carpa, Boga do Guadiana, Lúcio Perca
Perna-Verde comum, Garça e Chapim,
Abelha, Borboleta-Cauda-de-Andorinha, Libelinha-do-vaso-grego, Gonfos de Graslin
Cágado mediterrânico, Sapo comum, Tritão de ventre laranja, Salamandra de Pintas Amarelas
Rato do campo
Caniço, Juncos, Ranúnculos, Tabúa

Qual a razão da escolha desta imagem?
Resolvemos destacar um sistema que permite disfrutar de uma enorme riqueza natural e historicamente foi extremamente significativo para as populações da região com aproveitamento dos cursos de água em termos económicos, especialmente com os seus moinhos caraterísticos e a pesca de espécies que ainda hoje são ex-libris da gastronomia local (com os caldos de “peixe da ribeira”). Lá diz o poeta de cante alentejano: “que lindo é o Enxoé, com seus moinhos a cantar, carne e peixe lá ao pé, que é pra gente se animar…”
Para destacar a beleza e a importância de um ecossistema pouco valorizado decidimos representá-lo, destacando espécies fundamentais da fauna e da flora, de entre a enorme variedade que o compõem.

Qual o processo de trabalho/dinâmica/metodologia que conduziu à elaboração do mural:
A metodologia deste projeto envolveu um trabalho colaborativo entre todos os participantes, professoras, alunos e parceiros envolvidos.
Na sequência das visitas às galerias ripículas, nas aulas de Educação Visual e Ciências Naturais e no âmbito dos projetos Ciência Viva e Eco Escola cruzados com o Projeto Cultural da Escola, no âmbito do Plano Nacional das Artes, cada turma iniciou o trabalho de investigação, utilizando diversas fontes de pesquisa, incluindo os links sugeridos na proposta de Concurso "Muros com Vida". Foram orientados pelas professoras a realizar uma investigação sobre os conceitos de "Ecossistema", "Património Natural" e “Ilustração Científica”, indispensável na produção de imagens para a comunicação e divulgação em Ciência.
Tentou-se uma sensibilização sobre a importância do complexo e diversificado ecossistema. Seguiu-se uma investigação e seleção de várias espécies que foram distribuídas pelas turmas. Cada aluno do 3º ciclo realizou estudos gráficos representativos da espécie atribuída, tendo por base o rigor e a clareza da ilustração científica. Posteriormente, criaram uma composição decorativa adaptada à parede da escola em que se pretendia intervir.
Foram selecionados os melhores estudos e destes os melhores elementos que foram integrados numa composição coletiva. No culminar do trabalho, todas as espécies da fauna e flora, representadas por cada aluno, foram reunidas numa única composição visual para cumprir com o objetivo principal, divulgar um conjunto de espécies endémicas que compõem o ecossistema, bem como valorizar este local como um espaço de aprendizagem, contemplação e lazer.
A composição visual pretendeu representar as relações existentes neste ecossistema. Nos espaços correspondentes às janelas, está representada a água e espécies de peixes que se encontram nos rios e ribeiros. No espaço à volta, as espécies vegetais e animais terrestres.
Na fase seguinte, realizou-se a transposição do projeto para a parede, uma parede exterior lateral da escola, um local frequentado por elementos da comunidade escolar, mas também visível por elementos externos à escola.
Procedeu-se à preparação da parede e do espaço envolvente, com a colaboração de diversos elementos da comunidade educativa, professores e funcionários. Assim, a parede foi limpa e pintada de branco para os discentes das turmas envolvidas poderem iniciar a pintura. Numa primeira fase, a atividade desenvolveu-se em contexto de aula e, posteriormente, fora dos tempos de aula. De referir que foi um desafio que entusiasmou e motivou os discentes a ultrapassar os obstáculos e a desenvolver competências inerentes à pintura mural, quer ao nível da técnica quer ao nível da expressão.
Resultou um mural com 7,5m de comprimento e 3,5m de altura

Qual a idade e forma como foram envolvidos os alunos?
Em colaboração com a coordenação do projeto Eco-Escolas da Escola, e articulando com a autarquia que forneceu os materiais, o planeamento do projeto “Muros com Vida” teve início a meados de abril. Na disciplina de Educação Visual, foi apresentado às turmas do 3º ciclo, o enquadramento e os objetivos do trabalho. Neste âmbito, os alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos, foram desafiados a trabalhar de forma colaborativa no sentido de promover a preservação e valorização dos ecossistemas, através da arte urbana.
Foram pedidos conselhos e informações sobre os peixes aos alunos que, habitualmente pescam nesses lugares, indo ao encontro dos seus interesses extra escola. Foram sensibilizados para a observação de todas as espécies da fauna e da flora dos ecossistemas que frequentam nos tempos livres, o que os entusiasmou.
Foram envolvidos cerca de cinquenta alunos