Muros Com Vida – Trabalhos 2024/2025

Escola EB nº1 da Lousã (Lousã)

Fotografias

Fotografias do processo/pintura:

O processo de pintura

Totalidade da pintura:

A construção do mural foi um verdadeiro trabalho de equipa

Fotografias de detalhes:

Detalhes do mural

Parceiros:
CML

Memória descritiva

Identificação do ecossistema e elementos do ecossistema presentes na pintura:
A Serra da Lousã faz parte do sistema montanhoso da Cordilheira Central e é caracterizada por uma grande diversidade de habitats. Florestas de carvalho, castanheiro e medronheiro, ribeiros de águas límpidas e matos mediterrânicos que compõem uma paisagem natural rica e equilibrada. Este ecossistema é a casa de inúmeras espécies, algumas delas raras e protegidas, e tem uma importância enorme na conservação da natureza em Portugal.
A pintura representada transmite identidade. Nela estão presentes três elementos centrais do ecossistema local: o mel, a castanha e o javali. Cada um deles simboliza uma relação íntima entre o ser humano e a natureza, e juntos representam práticas sustentáveis que mantêm este território vivo e resiliente.
Na pintura, o mel representa mais do que um produto doce. É símbolo de equilíbrio e de colaboração. As abelhas, grandes polinizadoras, são essenciais para a regeneração das plantas e para a manutenção da biodiversidade. O mel da Serra da Lousã, produzido de forma artesanal, respeita os ciclos naturais e é fruto de um ambiente limpo, rico em flores silvestres. A apicultura local é exemplo de uma atividade sustentável, que valoriza o território e contribui para a sua proteção. O castanheiro é uma árvore que há muito tempo alimenta as gentes da serra; literalmente e culturalmente. A castanha, presente na pintura com o seu tom quente e forma acolhedora, é símbolo de alimento, de partilha e de tradição. É um fruto que nasce sem pressa, amadurece no outono e lembra-nos que a natureza tem o seu tempo. Os soutos de castanheiros são também habitats valiosos para diversas espécies e ajudam a fixar os solos, prevenindo a erosão. O javali é uma presença selvagem, mas fundamental neste ecossistema. Na pintura, surge como símbolo da natureza em estado puro. É um animal que ajuda a manter o equilíbrio do ambiente: remexe o solo, dispersa sementes, controla o crescimento de certas plantas.

Qual a razão da escolha desta imagem?
Ao longo do trabalho sobre património, sustentabilidade e biodiversidade, conteúdo abordado nos 9º anos, cada aluno explorou à sua maneira a ligação entre a natureza, a cultura e a forma como podemos proteger o que é nosso, não só para nós, mas para as gerações futuras. No final, todos os projetos trouxeram ideias importantes e criativas, mas esta imagem destacou-se pela forma como conseguiu unir os três temas de forma simples, bonita e significativa.

Qual o processo de trabalho/dinâmica/metodologia que conduziu à elaboração do mural:
A construção do mural foi um verdadeiro trabalho de equipa, onde cada passo contou com a criatividade, o empenho e o cuidado de todos os envolvidos. Desde o início, quisemos que este projeto fosse mais do que uma simples pintura numa parede - queríamos que fosse uma forma de expressão coletiva, onde o tema do património, da sustentabilidade e da biodiversidade ganhasse vida através da arte. Cada aluno desenvolveu o seu projeto individual sobre o tema, foi escolhido o trabalho que se destacou pela forma como representava a ligação entre o ser humano e o meio ambiente, usando elementos como o mel, a castanha e o javali, símbolos fortes da Serra da Lousã. A partir dessa imagem do trabalho escolhido, passámos para o desenho do mural. Com a orientação da professora de Educação Visual, fizemos o esboço no muro, discutimos as cores, a disposição dos elementos e os materiais a usar. Quando tudo estava definido, chegou a parte mais empolgante: a pintura na parede. Usámos tintas próprias para mural, pincéis adequados de vários tamanhos e, claro, muita paciência e dedicação. Cada traço foi feito com atenção, cada cor escolhida com intenção. Houve momentos de silêncio, concentração e outros de conversa animada, onde cada um ia ajudando o outro.
No final, o mural não é só o resultado de um processo artístico - é o reflexo de um trabalho coletivo, onde todos aprenderam e partilharam, onde a arte se transformou numa ferramenta para pensar, sentir e agir sobre o mundo em que vivemos.

Qual a idade e forma como foram envolvidos os alunos?
Este mural nasceu com a colaboração do Projeto Eco escolas e da vontade de envolver os alunos de forma ativa num projeto que ligasse a escola ao mundo que os rodeia - à natureza, à cultura local e à responsabilidade de cuidar do planeta. O trabalho foi pensado para ser partilhado, vivido e construído em conjunto. Os alunos do 9.º ano, com idades entre os 14 e 15 anos, foram os responsáveis por desenvolver os projetos iniciais e a escolha do projeto a ser desenvolvido. Com o desenho final definido, chegou a fase de execução, que contou com o envolvimento das turmas do 8.º ano, com alunos entre os 13 e os 14 anos. Foram estes alunos que, com entusiasmo e espírito de equipa, participaram na exploração prática da pintura, utilizando tintas próprias para mural e pincéis adequados. Com orientação da professora, aprenderam técnicas básicas de pintura mural, a importância da organização do espaço e o cuidado necessário para trabalhar em conjunto num projeto artístico de grande escala.
Mais do que pintar uma parede, os alunos viveram uma experiência de colaboração entre anos diferentes, onde todos contribuíram com algo único - seja uma ideia, um traço, uma cor ou simplesmente a vontade de fazer parte de algo maior. Este mural é o resultado dessa união e ficará na escola como testemunho da criatividade, do respeito pelo ambiente e do trabalho em equipa que ali se viveu.